sábado, 8 de janeiro de 2011

Ficção e Realidade: O que vivemos?

Em 2001 assistimos, atônitos, o segundo avião atingir a torre sul do World Trade Center. O espetáculo, ao vivo, confundia todo e qualquer telespectador que, avisado por alguém, ligava a televisão por volta das 10 horas daquele 11 de setembro. Seria, aquela cena trágica, parte de um filme? Nos perguntávamos...

A ficção, de tão real, nos leva à uma natural confusão mental. De repente, achamos que cenas reais são capítulos de uma ficção. Como uma tsunami a nos atingir, somos afogados pela banalização de imagens grotescas, do nosso dia-a-dia, a invadir nossas salas e, conseqüentemente, nossas mentes. Sem tempo para decodificar, ficamos no meio do caminho entre cenas brutais do quotidiano dos grandes centros urbanos e o realismo de imagens produzidas com alta tecnologia. Em dado momento, passamos a avaliar o intangível de forma ingênua.

Ouvimos, outro dia, o advogado do goleiro Bruno afirmar, baseando-se em supostas informações de seu cliente, que Eliza Samudio está viva. Por quê ele passa essa informação? Ele sabe que vivemos uma confusão inconsciente entre a realidade e a ficção. O júri popular é feito de carne, osso e mente humana. A dúvida vai pairar sobre os simplórios mortais que serão os responsáveis por condenar ou absolver o goleiro.

O personagem Totó, de Toni Ramos, da estranha novela Passione, simulou a própria morte para desmascarar a belíssima, estonteante e espetacular branquela Clara. Aliás, não fosse a Mariana Ximenes, em sua forma real, não valeria à pena assistir a um capítulo sequer. Dentre tantos absurdos da singular dramaturgia novelesca, simular a própria morte é surreal. Sem levar em consideração que tal ato é comum à raríssimos criminosos. Acho que já ouvi falar em casos de golpes em seguradoras...
Acontece que a realidade, que, muitas vezes, vemos como ficção, e a ficção, que, por sua vez, permeia a realidade, produzem raciocínios insólitos, que, muitas vezes, tornam insustentável a afirmação da racionalidade humana. Por incrível que possa parecer, muita gente acredita que Eliza Samudio está viva. Gostaria de acreditar nisso...
Esperamos a Eliza para amamentar o seu filho, não veio. A esperamos para o Natal, não deu as caras. A esperamos para os fogos em Copacabana, esnobou. Esqueçam! Ela não vai querer passar o carnaval no Rio e não virá para o aniversário de um ano de seu filho. Ela, quem sabe, poderia ser um pouco mais inteligente. Volte, menina, para dar liberdade ao pai. Somente assim, ele poderá a ser o grande atleta das balizas. E, somente assim, você poderá pedir revisão da pensão alimentícia. Na cadeia, onde deve passar alguns anos da vida, nem goleiro, nem pensão...
O Totó pode simular a própria morte, pois é ficção, apesar de inexplicável. Mas, gente, na vida real é uma vez só, não tem vale à pena ver de novo...